Quanto tempo dura um amor eterno?

   Eu passei a vida sonhando com um amor épico e com o famoso, mas ordinário, para sempre. Cada pessoa tem sonhos, expectativas e uma forma singular de ver o mundo. Escrever sempre me deu um alento, o que pra mim é difícil encontrar nas pessoas. Nunca fui uma pessoa fácil de me conectar. Por isso, meus grandes amigos de infância foram os livros e, com eles, vieram os sonhos.
   Mas, comecemos pelo início. O que é um amor épico? Épico é usado para adjetivar um feito memorável, extraordinário, uma proeza, algo muito forte e intenso. Imagina um amor com todas essas características? Pois eu sim e sempre foi tudo que eu quis.
   Minha mãe sempre disse que eu sou muito intensa. Eu me entrego 100% em tudo que faço e não aceito menos do que isso. Me frusto quando algo não sai como eu imaginei, e olha que eu tenho uma imaginação extremamente fértil.
   Hoje vejo os relacionamentos como um filme ou um livro. Alguns tem poucas horas ou poucas páginas, outros, como o senhor dos anéis, fazem com que fiquemos envolvidos na trama por mais tempo do que o necessário. Alguns dão frio na barriga, outros dão sono. E assim eu vejo as coisas acontecerem.
   Quando eu te conheci foi como se entrasse em uma sala de cinema. E, sentando com a maior calma do mundo, eu não sabia ao certo que tipo de filme iria assistir, mesmo que muita gente já tivesse me falado sobre. Mas não se engane, sobre o filme que é você, já haviam me dado críticas boas e ruins.
   Já nos primeiros dias, passei a ter minhas próprias impressões sobre você. O jeito como você sorri, a forma como você me olhava e até mesmo o seu amor por coisas que, a meu ver, poderiam ser colocadas em uma caixa e guardadas no fundo do sótão (você sabe bem do que eu to falando).
   Parecia natural estar com você, te ver todos os dias e fazer parte da sua rotina. Me sentia mais leve, como se nada no mundo pudesse me derrubar. Mal sabia eu, que depois de quatro lindos meses, algo iria me derrubar tão forte que eu passaria semanas dolorida sem nem sequer pensar em levantar.
   Por mais que gostemos de um filme, ele não pode ser eterno. Por mais que gostemos de um livro, uma hora as páginas acabam. Mas ainda sim, fechamos os olhos e rezamos para que o fim nunca chegue. A mesma coisa acontece em relação às pessoas, pelo menos para mim. 
   Se apaixonar é uma analogia um pouco mais complexa do que livros e filmes. É se atirar cegamente em um abismo. Você sabe que uma hora ou outra irá se chocar contra o chão e tudo acabará, mas se joga mesmo assim pela promessa do felizes para sempre. E você cai em direção à morte. Mas, como a distância entre o chão é grande, você se esquece que está caindo.
   Eu esqueci, e quando finalmente encontrei o chão senti que não tinha me preparado o suficiente para a queda. É isso. O fim sempre acaba chegando, por mais que tentemos retardá-lo. O filme acabou, a tela escureceu, todos na sala se levantaram e foram embora, enquanto eu fiquei lá sentada e sem entender o final.
   Já dizia aquele filme melodramático da sessão da tarde: Alguns infinitos são maiores que os outros. Apesar de tudo, mesmo que por pouco tempo, você me fez muito feliz. Me deu tudo o que eu mais sonhei na vida. Meu amor épico com direito a andar de mãos dadas e longos beijos de despedida, acompanhados de abraços e carinhos.
   Quando um filme acaba algumas pessoas sempre ficam esperando e confabulando a respeito de uma continuação. Só que geralmente a qualidade é bem inferior à do primeiro. Eu não sei o que espero do futuro, só sei que agradeço pelo nosso pequeno infinito...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atraída

Me diz porque

Se eu pudesse